sábado, 24 de março de 2012

O vício da paciência

O que há para além do teu nome? da tua imagem? do que está para lá da tua voz? Não sei. Mas gostava de saber. Intriga-me o teu mistério. Talvez por eu ser humano e ter todos os defeitos que me cabem. E esta ânsia por respostas? de entender o mínimo necessário para não parecer estúpido? És um estúpido. Um tolo a contar com os outros. A educação dos parvos, isto sim é o que te sobra nas mãos — e as mãos vazias, dá no mesmo. O teu modo de aceitar qualquer coisa e depois não tê-la e depois ainda restar paciência. És um mero pedinte. A paciência e a educação são os teus mais graves vícios. Eu sei. No entanto, eu não tenho chaves que sirvam para abrir os teus esconderijos. Nem mapa. Nem pistas. Sequer pegadas. As paisagens em volta dos nossos caminhos assemelham-se, mas deve ser engano apesar de. Tenho meu cansaço. Olhos baços. Pernas fracas de andar em círculos, costas doídas. Já sabes que tens o dom de Sísifo, não o de Atlas. E ainda assim insistes? Sim. O que eu ia fazer com toda esta mitologia, senão enfeitar desenganos? Não te percas. Calma. Respira. Devem estar todos certos quando dizem que deves olhar para amanhã, que o hoje já não existe. Olha para o teu saldo ao fim do dia? tens coragem de dizer que ele existiu?

Sem comentários:

Enviar um comentário