quinta-feira, 8 de março de 2012

Vem comigo ver o mar

Dizes: «É preciso ter cautela» Não! A vida é feita de impulsos. Se ensinaram-te a ter muito cuidado, escuta o meu grito: é mentira! Abre as janelas, as portas da casa, gira no meio da sala como se fosse a tua última dança. Dá-me a tua mão, vamos ver o mar no escuro da noite! Eu quero os teus ouvidos nus entregues ao som da vida que vai arrebentar nas pedras. Mas não sejas como essas pedras que recebem o terror constante e precisam resistir sem descanso! Nasceste para ser onda! Por vezes, mar calmo: um corpo despido e fresco sob os lençóis numa manhã de chuva; noutras, mar revolto: e as tuas mãos de tempestade farão tremer os alicerces da terra e tudo o que estiver em cima cairá para dentro do abismo diante dos teus pés fincados. Tens poder para tanto, talvez até mais. Pode ser que não saibas. Por causa da cautela que te ensinaram. Não te esqueças: a vida tem dentro aquilo que lá puseste. Dá-me a tua mão, vem! Não te acauteles, não penses demasiado, não deixes para o futuro da tua idade as loucuras que precisam da força da tua juventude para serem cometidas. Comete-as todas! Quando? Começa agora. Diz o que quiseres, ri com a boca aberta e aperta os olhos com desejo de não ver nada por uns instantes, de apenas sentir o que te vem por dentro do peito a estourar para fora. Vem comigo ver o mar. Mas tem de ser a noite para que possamos embater sem medo de encontro às pedras a vida que escolhemos.

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