terça-feira, 29 de maio de 2012

Cartas de amor

Deu há pouco na televisão a história de um homem que aprendeu a escrever para poder enviar cartas de amor à futura namorada. Em novo pôs os olhos na fotografia da prima que vivia distante e disse em pensamento: «É o amor da minha vida» E assim foi. Aprendeu a lidar com as palavras que fossem necessárias para a manutenção do amor, depois casaram-se e até já enviuvou, mas disse que tinha vontade de ler novamente aquelas cartas, que já não tem, a ver se entendia o que lá estava escrito e já nem se lembra. Aprendeu a escrever com um amigo e desculpou-se à língua a dizer que haviam-de estar cheias de erros de português, mas deu a volta arqueando uma sobrancelha e talhou: «Mas ela lá entendeu, tanto que nos casamos e fomos felizes.» E pus-me a pensar que naquelas cartas devia haver alguma arte ou, se não explicitamente, ao menos cumpriram o seu dever e que é sempre fazer transcender em nós o amor ao belo, o amor à vida. E o mais precioso, que é o amor pelo outro.

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