quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Copacabana

CopacabanaPavementCopacabana, hoje eu andei pelas tuas calçadas. Na imaginação. Sentei-me à beira mar, tomei café em copo americano, água de coco, entrei num botequim antigo e vi porções de sardinhas fritas e ovos cozidos em cores atrás do vidro do balcão. E sorrisos no rosto de tantas pessoas. Diziam olá, por onde andavas? Eu disse não sei, onde estou? e ombros responderam não sabemos, mas tanto faz. Sim, tanto faz, eu disse com sorriso condescendente. A imaginação, onde fica? É como a linha do horizonte, explicou-me de relance uma senhora de vestido amarelo que passou por mim. Deixei o calçadão, as pedras desalinhadas, tirei os sapatos, as meias, finquei os dedos dos pés no dourado da areia, um menino queimado de sol parou ao meu lado, tinha o cabelo descolorido e olhou-me com olhos cheios de mar, apontou o indicador para o carinho das ondas na praia e disse não sei se sabes, mas tens todo aquele sal no sangue, atravessou a tua pele, poliu as tuas mãos e a tua alma hoje é maresia, agora deixa-me ir. E foi-se ao mesmo tempo que olhei para as pipas coloridas a debicarem contra o vento, e ventou mais forte, a vista turvou-se, o botequim, copo americano, água de coco, o vestido amarelo esvoaçando quando a senhora despassou por mim e esbarrou na imaginação e bocas, sorrisos, por onde andavas? onde estou, eu não sei. Mas sorri condescendente, falsamente, os meus lábios a mesma curva da linha do horizonte.

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