Águas turvas no mar; e na vista a chuva. Tanto faz se caem das nuvens ou se atravessam os teus olhos embaciados. Tanta coisa para diluir gota em gota rosto abaixo. Aperta com mais força os teus lábios (estão a tremer demasiado, querida, e o que está da tranquilidade para cima cai-te tão bem…). Não olhes para baixo. Levanta o rosto, vê o que ainda se mostra pequeno por estar tão longe. A distância é falsa amiga das lágrimas. Tanto para o bem quanto para o mal. E estás farta dos dois, eu sei. Então esquece tudo o que eu disse, desculpa-me. Eu devo estar a ser parvo por tentar por a tristeza lado a lado com a esperança. Uma ou outra, é o que todos nós desejamos. Não adianta o que se diga, ainda que fosse todo o vocabulário afiado à ponta de língua. Esquece. Apenas dorme. Faz o mundo desaparecer sem sentires culpa, ao menos uma vez. E fecha firme os olhos para fingires bem caso o sono não venha. Eu deixo uma das minhas mãos sobre a tua boca e ninguém vai ouvir o teu grito. Eu? Não te preocupes. Vou mentir e dizer que não. Não ouvi nada. Juro-te.
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