Carnaval à janela

Houve desfile de Carnaval das escolas pela cidade. E eu acordei deslocado pelo samba que ouvia. Por instantes achei que estava a sonhar. Os enredos, o sotaque, o eco por entre os prédios até à janela e dali pelos corredores dos meus ouvidos até à memória; e as crianças fantasiadas, os mini carros alegóricos olhos a dentro, o meu cabelo despenteado, a minha vista embaciada pela dose excessiva e repentina de vigília e demais sentidos eriçados, onde estou? já não sei bem. Estás aqui, sossega. Na ficção matinal que hoje te calhou. Bom dia. Pode ser, quem sabe? mas só depois de espremer toda a estranheza do meu despertar e restar apenas o sumo de uma das duas nacionalidades; para que seja um gole de cada vez, façam-me o favor. Só assim.