sábado, 8 de junho de 2013

Desacerto entre o sagrado e o profano

Tocam os sinos no campanário. Ou melhor, uma gravação. Dá as horas. Mas nem sempre batem com as horas deste mundo. De qual será? o de tanta gente. Já ouvi de uma senhora, no café: «Eu acerto o relógio conforme os sinos da igreja, quero lá saber se ficam certas com as horas que passam na televisão.» E explicou que se seguisse as horas televisivas chegava atrasada à missa, como já lhe aconteceu duas vezes. Um desacerto entre o profano e o sagrado. Eixos diferentes, fusos horários distintos. O tempo da religião. Quem nunca se atrasou? Ainda assim, sorte de quem se atrasa no religioso. Porque o inesgotável do seu tempo resolve-se na eternidade. Já o profano. Aí não. Nele o tempo só tem uma direção: a dos olhos de quem dá adeus. De eterno, no profano, só o nunca mais: é sempre para sempre. Sempre.

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