Conhecemo-nos há tantos anos e no entanto tenho todos eles neste fragmento de tempo, neste exato momento de recordação. Queria agradecer-te tantas coisas. Mas não convém entrar em detalhes e citar nomes. Deixo apenas o meu, que é um nome mais batido e sem consequências para além das próprias letras de que vou sendo feito. O mundo deu voltas a mais e acabamos por tropeçar e cada um caiu para um lado diferente. Só aqui na frente é que foi haver uma encruzilhada e então vamos de há poucos anos para adiante em estradas paralelas. De vez em quando um olhar, um toque a cruzar distância, um gesto rápido ressabiado pronto a disfarçar, uma história turva nos olhos e um mesmo pôr do sol a refletir nas nossas retinas, a mesma paisagem, a mesma fotografia a repetir-se apesar de à primeira vista não se parecerem. Enfim. Ainda assim, nada se perdeu. Somos feitos do que não se perde, desse resíduo. Vez por outra atravessamos uma ponte (de vidro? de vime?) e acenamos um para o outro cheios de palavras atravessadas na garganta, palavras não ditas, embaladas em silêncio, um silêncio transparente que nos deixa entrever o que se tinha para dizer mas não se diz. Então algo nos chama a atenção. Cada atenção no seu lado. E nossos olhos viram-se para adiante. Para onde não existimos no falso plural que é na verdade um singular: nós. Tornamo-nos novamente eu e tu. E nossos olhos pedem uma pausa. Pedem distância — essa outra meia falsidade com a qual nos protegemos um do outro.
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Ponte de vidro? de vime?
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