quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ameaça outonal

Houve ameaça outonal de alguma intensidade, mas a chuva veio e foi com se não. Tudo à volta mudou. O chão vestiu-se de cores úmidas e escuras e agora é um imenso espelho onde as nuvens se vão refletir meses a fio. As árvores já têm suas folhas com os olhos fixos no próprio reflexo, cada folha um narciso fadado a ceder e a deixar os galhos em nudez progressiva; olham para baixo, prestes ao salto fatal de encontro a si mesmas. A natureza envelhece, mas com dignidade. Como o idoso que transparece jovialidade, que mente a sua idade com gestos e olhos e até parece mentira que o seja. Ainda assim, jovem outono dentro da sua breve duração. Só te falta soprar nos pinheiros. Fazer música. Dançar eucaliptos. És tu? então canta. Para que eu acredite. Para que seja verdade.

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