quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Chuva que tomou posse neste outono

Pés molhados. Odeio ter os sapatos e as meias encharcadas. O fato é que eu e a chuva que tomou posse neste outono não nos vamos dando lá muito bem. Basta que eu saia à rua para que ela venha para cima de mim com impropérios. Grita-me e então tomo com o cuspe do seu mau humor, tamanha antipatia que se instalou entre nós. Não há espaço para a conversa. Abrigo-me a um canto da paciência e deixo-a aos berros da sua casmurrice. Depois de algum tempo, cansa-se ou me esquece, não sei. Mas é só eu sair de novo e é a mesma erupção fria. Agora, por exemplo, eu estou ao abrigo, no café. Mas a chuva deve estar à espreita, ali em cima, nos plátanos. Ansiosa. No farfalhar das folhas, escondida, e certamente tem os olhos esbugalhados e fixos na porta, à espera de que eu saia.

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