quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Inundação

Chove com se nunca mais. Como se fosse preciso ser tudo de uma só vez por ser a última antes do fim do mundo. No céu, as nuvens rechonchudas dos alquimistas sopram vento de serpenteio d'água e então é difícil fumar na varanda. E se já fosse o tempo de se ir construindo uma arca de jeito? ali para a Garganta do Paiva, de quilha bem forte, que aguente o baque dos fósseis de Trilobites que hão de emergir desde o fundo remexido pela inundação? Na primeira fila dos animais do futuro, o Farruco. Mas como eles têm de subir aos pares, guarde-se então uma vaga para a Tuca, que é a paixão dele e vive no quintal aqui ao lado e que há também de ser salva para haver promessa. Ouviste, cãozinho? um trovão sem luz que o antecedesse! Um trovão sem espanto. Está quieta, imaginação! Cala-te! Eu preciso me concentrar porque o serpenteio d'água apagou o cigarro outra vez. Malditos alquimistas.

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