quinta-feira, 3 de abril de 2014

Pago taxas pelo dinheiro que empresto

O meu pai não guardava dinheiro em bancos. Dizia que era absurdo ter de pagar para usar o próprio dinheiro; dinheiro que, se o pusesse lá, seria na verdade um empréstimo com o qual os bancos enriqueceriam. Dizia que o banco é que nos deveria pagar, e muito bem pago, por esse serviço de enriquecimento de uma só mão que lhes fornecíamos. Qual o sentido em ter de pagar taxas pelo dinheiro que emprestamos para que os bancos ganhem com ele em aplicações? Estava certo, penso eu. Mas não ajo assim. Enriqueço muita gente, desde bancos até governos, e não tenho meios eficazes para contestar o mau uso que fazem da fortuna que lhes vou emprestando. Sou bonzinho, depois perco de vista o que investi. Mas a minha gentileza sempre foi muito bem cobrada. E se atraso no ser gentil pago extras também. Sou capitalista, acredito no capitalismo. Mas será que o modo usual de se ser capitalista está correto? Ou será que eu só financio o capitalismo dos outros, que é o que eu queria para mim?

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