Sol vitorioso, trouxeste duas cores para a nossa alegria? És um querido. Amarelo e azul ficam tão bem na natureza. Escuta o que fizeste: estive a fumar no quintal dos fundos que é lugar da horta e das pequenas árvores preguiçosas no frutificar e, de repente, quando afinei os ouvidos para a realidade, ouvi sons de coisitas a caírem no chão. Apequenei os olhos para o mistério e não imaginas: gafanhotos! Testavam sob o sol as pernas do seu atletismo animal e depois saltavam. Muitos. Acentuavam as folhas com circunflexos e depois caíam no ponto final do solo: toc. Eu no meio do quintal e por toda a volta a vida aos saltos. Vida pequenina. Mas era tão grande a festa que um dos gafanhotos veio parar no meu braço: «Aceitas dançar comigo?» perguntou-me enquanto afiava as pernas. Eu fechei os olhos e dancei com a imaginação. Sou tímido, mas também bem educado. Agora estou mais vivo. O que fizeste, sol da alegria? Nunca pensei que eu fosse dançar tão bem, mesmo sem saber.
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