Tenho diante dos meus 180 graus cinco árvores cujos nomes desconheço. Só as suas sombras entremeadas pelo sol fraco de Outono me são familiares. Tocam com cuidado e pintam a minha pele em duas cores enquanto passeiam em minha extensão na velocidade do dia. Sobre as minhas ideias, uma ramada de uvas já idosas: promessa de vinho tinto que não se cumpriu. Não importa. Vão cair neste chão fértil (ou em outro, a depender dos pássaros) e a promessa para o ano é ambição maior. Natureza, és tão bela. Tão eficaz. Olho com amor para a tua expressão enquanto descanso a meio caminho na nossa continuidade. Há um véu que só se levanta quando a velocidade dos olhos é reduzida. Então, já descansado, levanto-me e sigo a passo lento. Levo comigo a atenção a flor da pele. Mas deixo-te um carinho por escrito: enquanto olhava para ti, natureza, fui acometido por eternidades.
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