domingo, 4 de dezembro de 2011

Canta comigo nesta ficção

Chove. Chuva bonita. O som da água a cair nas plantas é uma canção preguiçosa. Vou desligar as luzes e fechar as portas, embalado nas ondas do mar de paz que desce deste céu cinza e vem dar à praia da minha casa. Aperto os olhos, afino os ouvidos: onde estão as pessoas? Silêncio humano. Ouve-se bem a natureza. Vou acompanhar a música de hoje com os instrumentos dos pés. Sou músico de folhas e pedras no compasso do mundo e faço solos com o vento. Fecho a última porta e deixo uma boa dose de escuridão guardada lá dentro para quando eu voltar. Uma pequena introdução ao descer as teclas dos degraus, depois as notas graves das poças até o portão e o toque do trinco a anunciar uma pausa. Ouço um passarinho a cantar. Vamos, ave improvisada! canta comigo nesta ficção.

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