sábado, 28 de janeiro de 2012

Alegria alada

Uma tarde dourada com tranquilidade por cima, foi assim. Estive a ler sob o sol, com o Farruco aos pés, chávena de café e chá ao lado. O dourado era tanto que o fumo do cigarro mal subia desaparecia, espectral.

Três cães negros passaram pela estrada lá em baixo, em fila, no exacto instante em que levantei os olhos das páginas de um livro no qual um cão era descrito em letras de ruindade para exemplificar a maldade animal que há em alguns de nós, seres humanos.

De casa, porta mundo à fora, jorravam notas musicais: eram as risadas que nasciam no jogo que entretinha a família e que vinham pousar no meu colo. Afaguei-as com cuidado como se fossem pequenas aves leves e frágeis, macias de música por dentro. Segurei-as nas mãos em concha, dei-lhes um impulso de sonho para o alto e lancei-as sobre a aldeia.

Houve quem, a noite, espantado, dissesse no café: «Foi uma tarde tão bonita que as pedras pareciam cantar!»

É verdade, homem! elas cantaram, sim! mas acompanhadas pelos instrumentos de alegria aqui de casa.

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