A tua voz tem um quê de conhecida. De encanto. Eco meu, esse teu riso. Sons represados e a represa a romper-se pela fresta da tua boca. Abro os braços e fecho os olhos. Dou um sorriso aberto, extasiado, pronto a receber toda a carga de uma só vez e ser jogado pelas tuas palavras para um abismo qualquer, contanto que eu o desconheça. Empurra-me. Eu quero um abismo novo, não sei se sabes. Mas tens de vir comigo para que sejam duas as mãos de voo, para que sejamos grandes e o vento, tão acostumado a dispersar, encontre resistência de uma ponta a outra de nós dois. Não sei se dei-te a entender qualquer sentido que vá nessa direcção, que é a tua. Nem sei se deveria. Entendemos tão pouco sobre tantas coisas. E quase sempre só um pouco mais que nada sobre as melhores. Então empurra-me. Eu vou apertar na minha a tua mão. E vais saltar comigo nesse abismo para dois que eu acabo de inventar.
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