terça-feira, 10 de abril de 2012

Mudei-me

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Agora eu moro em São João da Madeira. Desde quinta-feira passada, dia cinco de Abril. Por ironia do destino (ou sarcasmo?), a varanda do meu quarto dá para a Avenida do Brasil. Sou uma ilha de tabaco, cercado de cafés por todos os lados. E demais locais que são fundamentais para a minha subsistência. Há movimento, gente sem nome, isto é, ainda sem realidade para a minha futura memória. É o meu habitat original, confesso. O verde excessivo é bom para os fins-de-semana, para a contemplação do belo que ali fixou residência, para a visita, as férias, para existir paraíso na terra e, é claro, para haver alguma dificuldade de lá chegar. Beleza em excesso causa-me moleza no espírito. Quem sabe se só no meu, mas foi este o espírito que me calhou no sorteio para o cultivo. Em breve, como é de costume, devo estar já a sentir saudades da pasmaceira e do tamanho da paisagem. E — também como é costume — vou ser saudosista ainda que quase nada me impeça de voltar. Mas só assim, ao longe, é que a aldeia se tornará suficientemente real, da mesma forma que a distância me filtrou o que havia de valor nas memórias que eu trouxe do Brasil. É tanta a nossa ficção. E é esta ficção que torna tudo mais real. Que mais? Chove. Mas só quando as nuvens não são vazadas pelo sol. Um sol que hoje responde pela alcunha ‘novidade’.

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