segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vícios acompanhados

Eu não disse? Estou a dividir um apartamento com duas belas mulheres. O meu quarto é o do meio, para o devido equilíbrio. Partilhamos a sala, a cozinha, os corredores, e a varanda dos fundos onde fumamos em trio. Fuma-se mais, pois se um dos três acende um cigarro os outros dois crescem em companheirismo e então nós partilhamos os vícios com o excesso de entusiasmo que cabe às tentações. O número dos cigarros é proporcional a extensão dos diálogos, das risadas, das músicas ao violão e das histórias que vamos trocando. Elas já vivem no apartamento há quase dois anos. Depois de duas semanas de convivência é-me inevitável confirmar que tenho sorte quando dela dependo, pois as que me calharam sob o mesmo teto são mulheres fascinantes. Têm personalidades e biografias bem diferentes. São duas, de facto. E como no meu trabalho o maior trabalho que tenho é o de profissionalizar a chatice que há em mim, a qual devo aplicar aos outros com extrema paciência, nada como chegar à casa e ter duas boas companhias para o vício do cigarro e das palavras. E para a alegria, este vício que enfeitamos com penduricalhos para podermos chamá-lo de virtude.

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