sábado, 2 de junho de 2012

Música na relva

GRILO NA CHUVA 8605Estou na aldeia. Então fui à varanda de cigarro e café em punho e descobri que já não chove, apesar do rasto húmido no chão e nas folhagens. Centenas de grilos e insectos afins fazem música e ponho-me a imaginá-los na sua pequenez viva sobre a relva molhada. Será mais difícil cumprir o destino nessas condições? Ou será que a chuva intensifica o odor das folhas e da terra e então, ébrios de vegetação e solo, tocam as patas como se fosse a última vez? São pequenos mistérios da vida que nos passam ao largo. Como o que me apanhou agora e que era saber se deixavam a música de lado caso voltasse a chover. Mas não voltou; e fico a imaginar que não, não parariam. Continuariam a tocar por entre os imensos pingos, sons abafados de tambores em aceleração crescente que viriam agitar ainda mais a pulsação da alegria e pôr um ritmo novo a celebração. E mesmo que não seja. Vou acreditar, é assim. Não há chuva que o contradiga.

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