Esquece o espelho, ainda não é hora de ires embora. Não te preocupes com os teus cabelos desalinhados, eles ficam-te tão bem assim. São o signo do nosso segredo. E perdi tanto das minhas mãos neles. Daqui onde estou, deitado na cama, vejo-te de costas e ao mesmo tempo replico as expressões de maldade fingida que alternas no rosto e me vais reflectindo. Um jogo íntimo de comunicações no qual as tuas costas nuas me dizem mais verdades sobre o amor do que todo vocabulário facial da nossa possibilidade. Não mexas ainda mais nos teus cabelos, não me provoques a intenção de um novo desalinho. É isso mesmo, entendeste bem: em mim foi o contrário: há mais verdade na frase que eu disse com os olhos do que nas palavras que acabei de fingir. Sabes de uma coisa? O espelho em frente do qual te arrumas deve ser imenso em profundidade, tem de ser assim para que caiba dentro dele a tua imagem e tudo o que representas e que está ali sem que eu saiba explicar desde e até onde. Mas já terminaste? Que bom. Então volta para cá, pois ainda não são horas de dizer adeus à madrugada. E muito menos de ter os cabelos tão arrumados.
terça-feira, 5 de junho de 2012
Os teus cabelos desalinhados
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