terça-feira, 11 de setembro de 2012

À sombra dos teus gestos

Help, it`s a bad dreamO teu ponto sensível, onde? O meu é o teu sorriso, que é o dizer do teu corpo. Diz-me tanto. E pensar que são apenas movimentos, contrações, gestos que podem ser feitos em silêncio. Filme mudo. Um olhar a cortar a minha pele. Reticências. Não penses que eu não preencho as entrelinhas de todos os teus gestos. Preencho-os com o extra de fantasia que me coube. Quisera eu que. Não. Deixa-me. O que eu tenho é só um excesso de imaginação a vazar pelos olhos, a encantar o que me apetece. Tu. Mas já me alegra esse teu silêncio fecundo de possibilidades. Semente plantada na invenção mas que pode florescer e atravessar seus ramos até a realidade — ao toque, à pele — se bem cuidada. Colher a flor enraizada à sombra dos teus gestos. Os meus pulmões abertos. O teu perfume. Os meus dedos a tocarem nas cordas dos teus cabelos uma canção que te vai separar dentre todas as outras imagens. Som para os teus movimentos. Eu e tu, objetos animados, acesos da nossa humanidade, tolos com a descoberta do mundo, tantos mundos, mas o que nos importa serem tantos? se tudo para além do teu contorno perde o foco? Excesso de imaginação a vazar pelos olhos? A vista embaciada, talvez. E não saber muito além do que se imagina às vezes faz-nos tão bem.

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