terça-feira, 25 de setembro de 2012

Bem-vindo, Outono

luaOlá, Outono! Tardia, a saudação? Não reclames. Para mim o teu avistamento só se deu hoje; no mais, ainda é o teu início e daqui até o teu assentamento há muita natureza a vestir com as cores da tua predileção. És a minha Estação querida. Eu nasci e fui logo posto em teu seio de folhas secas para que me ouvisses o choro ressequido da falta de costume com um mundo imenso e recém-criado, novidade para mim. O meu primeiro perfume, o teu. Domingo outonal, solar; noite de lua cheia. Enviaste carreiras de nuvens brancas e velozes para brincares comigo de esconder e revelar o esplendor lunar. Foi quando comecei a contá-las, mas nunca terminei. Eu sempre adormecia com o acúmulo de paz sobre os olhos e perdia as contas com o saltar repentino para um sonho qualquer. Lembro-me bem do cheiro de vento morno que entrava pela janela numa dessas noites de infância, eu deitado ao revés na cama a ver o céu noturno e a ouvir o som dos carros na rodovia. Os meus cabelos lisos, castanhos, imperturbáveis na arrumação. No meu rosto um sorriso enviesado, discreto em alegria serena e funda como um suspirar perfeito. São tantas as impressões da tua hora celeste que me ficaram gravadas na alma, indeléveis, para sempre. Seja bem-vinda, Estação querida. Em ti, Outono, eu sou tão mais de mim mesmo.

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