Escuta-me. Estive a pensar no impossível. Não no que o é desde o início ou mesmo antes. Mas no outro, o possível que não deu certo e que depois chamamos de impossível para o arrumar sem culpa para um canto obscuro do passado. Eu não atino com erro algum. Juro. Pelo contrário. Lembras-te? Tudo convergiu rapidamente para um ponto em comum, nós dois conduzidos pelo encanto e beleza de uma atração mútua cheia de delicadezas e cuidados e futuros. Aconteceu ao contrário, foi isso? Acho que não. Não sei. Nem tu sabes, imagino. E bruscamente tudo entre nós se desconectou. De um dia para o outro, desconhecidos. De vez em quando uma nuvem carregada com alguma de minhas histórias vem ao topo da minha cabeça e fica ali, sem mais nem menos, a escurecer meus pensamentos. E hoje foi esta, a que tinha a tua forma, a que me trazia a razão uma lacuna sempre a espera de preenchimento. Por não ter explicação, creio eu. E o inexplicável — tu bem o sabes — seduz-nos imenso, ainda que façamos parte de uma resposta plausível e não atinemos com ela (conosco) assim mesmo. E repetimos inúmeras vezes eu isto eu aquilo tu isto tu aquilo e não fazemos ideia de quem ou sobre o que estamos falando. Mais valia o silêncio — se valia. E o espanto. Para darmos conta do mundo. Mas nos fomos meter em palavras e em ausências de gestos e agora eu estou sem nada que me explique o que aconteceu ou deixou de acontecer ou podia ter acontecido entre nós. Mas chega. Hei de por um ponto final. Será? Mas o que me resta? senão o chamar de impossível àquela nossa possibilidade que desapareceu sem deixar qualquer vestígio de porquês pelo chão que pisamos juntos?
sábado, 8 de setembro de 2012
Mais valia o silêncio
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