domingo, 7 de outubro de 2012

Mudança

Enfim, mudei-me para o apartamento novo. Nono andar e vista das duas varandas da sala para as luzes da cidade lá em baixo quando noite. Como agora. Desta mesa observo uma grande avenida talhada em postes de iluminação — duas linhas paralelas de lâmpadas que vão para onde não vejo bem e por isso deve ser muito longe. Meia-luz sobre o violão, a um canto. O som distante e abafado dos carros que atravessa vez por outra as cortinas finas e quase transparentes. Mas não há vento, estão sossegadas. Assim como eu. Mas no meu caso sossegado até demais, o que está de acordo com o meu ficar em São João da Madeira no fim de semana. Mas não com o meu querer, que é conforme o do ser humano e está sempre a discordar das circunstâncias em que se foi meter. Mas é isso. Estou bem instalado, tanto em cômodos quanto da vista — tenho o pôr-do-sol a estender-se todos os dias para mim desde o horizonte até o sofá da sala, de onde eu lhe dou adeus e bendigo a noite. Hoje ele olhou-me por entre muitas nuvens de tamanho infantil aglomeradas à sua volta, de mãos dadas a formar um gradeamento, mas às coloriu lindamente para me compensar da restrição. Eu aceitei. Com muito gosto. 

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