sábado, 22 de junho de 2013

Não passei por lugar algum

Tarde de sol. Já então mais a condizer com o verão. Pássaros agitados, euforia aérea. Pus-me a tentar descobrir os motivos de tamanha revoada e acompanhei a trajetória de alguns bandos. Sem rumo, todos eles. Figuras de poucos pixels de aves que se formavam e desfaziam-se, desenhos abstratos. Segui adiante, e vi muita luz sendo guardada nas pedras. Elas, no entanto, quedaram-se frias ao meu toque curioso, assaltante. Continuei o meu caminho. Os grãos de areia, demasiados, secos sob os meus sapatos, feriam os meus ouvidos. Ensurdeci. Sensibilidade excessiva. E ainda assim este meu isolamento. E se fosse eu a destoar da paisagem? Descolado, objeto acrescentado artificialmente, mal colocado, como se tivesse vindo de outro tempo e não encontrasse o meu lugar neste. O presente. O tudo dele, hoje, não me coube; nem a partícula de costume, que é o pouco mais possível e humano. Desisti. Segui então ainda mais adiante do que antes. E cheguei como se não tivesse passado por lugar algum.

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