Passei pelo caminho da Seara. É o caminho mais curto até Trancoso e assim encurto também a minha preguiça. Numa determinada curva, lembrei-me abruptamente de um texto que escrevi e que foi concebido exatamente naquele lugar. Lembrei com força. Tudo. Até as imagens que me vieram a imaginação. O que é isto? como acontece? como essas ligações ficam gravadas tanto nos lugares quanto dentro de nós prontas a serem disparadas se o gatilho de um dos lados for premido, ainda que sem querer? Tantas vezes já aconteceu. Um escritor (Vergílio Ferreira?) contou que escrevia para entender o outro de si que estava a escrever. Não só um outro de nós, digo eu, mas também o que está ali fora. O real. Ele também vai se escrevendo. E inscreve-se em nós. E o escrevemos para que uma espécie de intimidade instale-se entre nós e o real e nos torne cúmplices um do outro. Será? pode ser, quem sabe.
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