sábado, 30 de novembro de 2013

Olha bem nos meus olhos e não digas nada.

Silêncio em todo o universo. Até a música que toca nas colunas da aldeia, a repetir-se incessantemente, torna-se, assim, também ela, silêncio. Não se distingue de tudo mais. Sei quando o silêncio começou. Foi nesta madrugada, por volta das duas horas. Fui à varanda fumar e sentei-me nas escadarias a olhar para o céu estrelado. Estava lá. E desceu para perto de mim, sentou-se ao meu lado e aquietou-se ainda mais. Velha sensação, minha tão saudosa companhia. Lembro-me bem de ti. Foram tantas as noites que estivemos sentados à janela, só eu e tu, a olhar a rodovia, o bairro, as duas serras, as luzes dos motéis que piscavam em verde e vermelho, tantas. Mesmo que eu tivesse companhia, ainda assim eu te aguardava até que já tivesses desmoronado sobre os outros, deixando-me por último para que pudéssemos trocar uns poucos silêncios antes de também me cobrires. Agora estás aqui. Ficas até quando? Terei que subir contigo aquela montanha ali adiante para que possas lançar voo? Vamos. Mas não já. Por enquanto, deixemos o ruído do mundo a resmungar sozinho. Não te levantes, ainda não. Olha bem nos meus olhos e não digas nada. A amizade confere-se no silêncio. No teu nome. Um nome já quase meu.

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