Todos estes pensamentos inconclusos, sem razão aparente, sem que se perceba sequer o motivo de terem aparecido. Dúvidas? para ser humano, sim. O que um simples ato ou frase desencadeiam, imagina. E quão absurda é a vida, às vezes. E às vezes também inútil, cega de sentido, um tateio aqui e ali sem chegar a lugar nenhum apenas por não se ter decidido aonde. Quem já não o sentiu? tantas palavras gastas em determinada direção para serem desditas algumas curvas depois. Ou no choque com uma pedra bruta, que nos fere a língua afiada em argumentação. Um novo vocabulário para o destino que se definiu. Sim, é necessária a sua invenção. E que prazer uma mesma palavra para um novo sentido que lhe incumbimos. Um novo significado, virgem de decepção, de som puro como o primeiro choro do homem que acabou de nascer. Dói, mas ainda não o sabemos. Por isso, ainda não é bem dor. É o instinto a avisar que no futuro será mais. É carne. Só o saber é que nos fere a sério. E a doença incurável do homem, o pensamento. Essa lâmina que é diferente de todas as outras porque é afiada com o próprio uso. E que nos aflige a todos, cada um em sua profundidade. Cada qual com a sua ferida. Mas quanto mais cicatrizes, ainda assim, melhor. É sinal de que um homem vai sendo feito. E no entanto o homem é o único animal que ao ficar pronto deixa de o ser. Para sempre. Que mistério.
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