Silêncio absoluto. Vazios. O frio faz das pedras dos muros pedras de gelo. Pedras absolutas. Antigas. Sem recordações próprias, mas com a memória da nossa passagem, confusa, entremeada ao musgo que as chuvas esqueceram nelas. Memórias agarradas, ali, com medo do sol. Memórias curtas, decerto. Pedras lisas demais. Culpa do vento. E a minha imagem, depois de milhões de outras imagens já esquecidas, a passar por elas. Som de folhas ainda quebradiças, apesar de úmidas. Meus pés. Pés tolos. Repisam as mesmas folhas até que já não estalem mais e sejam apenas uma pasta de cores de outono. Todas as pedras dos caminhos por onde passei já me esqueceram. Quem és? dizem em absurda imobilidade. Então digo não sei. Minto. Passo de novo. De novo. Minto sempre. Mas dentro de mim, em inviolável intimidade, respondo vezes sem fim: sou Sísifo.
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