sábado, 17 de maio de 2014

O cuco

Acordei e fui ver o mundo. Sentei-me na varanda antes de me pentear e mudar de roupa, pus-me a fumar e comecei a contar os diferentes cantos de pássaros, como sempre faço. Mas hoje não são só os quatro ou cinco cantos quotidianos. Consigo contar até sete! depois perco-me. Hoje há mais alegria. Espera. O cuco! Sempre que o ouço (cuco... cuco...) é do lado direito, e o seu canto vem desde o pinhal até aqui. Todo ano. Mas nunca o vi. Quanto evoca um cuco? muito. Desde o relógio das histórias infantis até o livro «Tudo o Que Eu Tenho Trago Comigo» — em alemão, bem mais bonito: «Atemschaukel» — da Herta Müller. Minha vida toda, até agora. Tão bonito. Não bem bonito, mas. Canta, cuco! canta. Que eu até me esqueci dos outros. E logo hoje que eram tantos.

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