Sozinho, durante a madrugada, olhando as casas e as ruas da minha janela, eu fico imaginando as pessoas dormindo. Olho para os postes, pontos de luz que deixam os caminhos em sépia, e sinto o cheiro, vejo as sombras, às vezes um gato tranquilo que para, olha e continua não se sabe para onde.

Não importa a intensidade, na madrugada todos os sons não passam de ruídos. Em seguida, o silêncio restabelece o seu reino. Quando parece haver muito barulho, não é culpa da madrugada: nós é que não nos distanciamos o bastante das coisas. Para a sentir de facto, em sua profundidade, é preciso que nos afastemos de quase tudo. É preciso que sejamos mais intensamente nós mesmos.
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