Ouço uma serra ao longe. Ouço duas: esta que corta o silêncio da aldeia e uma outra que vem cortando o tempo desde a minha infância. Havia uma madeireira na outra quadra. Durante as tardes, enquanto os meus pais dormiam a sesta, eu brincava sobre o tapete da sala. Além da serra, havia o som dos monomotores do aeroclube. Som que vinha crescendo de longe e alcançava o seu auge quando passava por cima das minhas brincadeiras. O meu pequeno avião de plástico aproveitava a oportunidade para ter um motor real e voava sobre o mundo que existia sobre o nosso tapete. Com o tempo, o aeroclube entrou em decadência e o número de voos foi reduzido. O mesmo aconteceu com a minha infância.
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