segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Desde a raiz metida na vida

A tua presença distante é só uma impressão, mas posso imaginar a angústia que ocultas por debaixo desse teu silêncio. É tão difícil viver. É preciso muito esforço para se ir ignorando o tempo que passa. Cansa demasiado descobrir que as oportunidades de antes são as impossibilidades do agora. Mas quero te contar uma coisa. No caminho para cá eu vi uma árvore negra e sem folhas. Parei à sua frente e imaginei a seiva a subir lentamente pelo tronco, cada dia mais fraca sob o crescente e insustentável peso do Inverno. E era tanta força. O sangue verde da sua condição veios acima até não mais poder. Perguntei: «Com licença, não achas que lutas em vão?» Ela então respondeu: «Qual luta?» Pus um sorriso nos olhos e segui meu caminho. Era uma árvore muito ocupada em cumprir o seu destino e estava desde a raiz metida na vida. E pensei que podias ser como aquela árvore.

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