sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Eu vou contigo, invisível.

Vai. Os gumes das asas do avião, afiados, vão cortando o céu em dois azuis. Tens amor de dois hemisférios a convergir para o teu nome, para que fosse mais e trespassasse o mundo inteiro, ainda que eu fique aqui a ralhar com o destino por causa da parte que me coube — e da que coube a ti, pois o avião corta também a tua vida pela metade.

Leva contigo o imaginário novo que eu te dei: o verde abundante, a névoa de fábula, um silêncio a fugir montado num cão pela madrugada à fora assim que eu apontava para ele...

(A todo momento o eco das tuas risadas atravessa-me os ouvidos, então eu diminuo o volume dos sentidos para te ouvir melhor e já não ouço. De manhã ainda não era, mas agora é já ilusão. Eu rio de volta com a boca, mas com o peito… seria exigir avessos demais.)

Sabes aquela marca que fizemos num muro de pedras pelo caminho? há pouco, quase que me roubou os olhos... Eu, forte? fraco?, disse que não! ainda que fosse inútil esse dizer. A marca irá desaparecer da pedra mas não da minha memória, que é o que, de meu, dura para sempre.

Daqui a pouco chegas ao teu destino. Foi tão rápido… Mas vai! revê os teus com alegria! Eu vou contigo, invisível, do teu lado direito — como bem sabes.

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