Cor-de-manga

Manga, manga. Um dos meus frutos preferidos. E sua cor? Cor-de-manga. Nenhuma outra a colore melhor do que a sua própria, um laranja reinventado em tom pastel. Descolei a sua casca e imediatamente tive caldo transbordando em minhas mãos. Nos lábios. Mas o que mais me atrai além do sabor, das cores e da sensualidade que se pode inventar com esta fruta é ainda outra coisa: a manga tem em suas fibras os sabores de muitas das minhas memórias. Eu não chupo mangas. Eu saboreio recordações. Como me soube bem esta manga no meio da tarde. Justo nesta hora. De chinelos. Bermuda. Camiseta. Só tive de inventar meia dúzia de cigarras, sonoro preenchimento para a completa transfiguração da paisagem. Tanto sol dentro da manga quanto no Brasil da minha imaginação. Na minha boca. Minhas mãos. O meu coração totalmente lambuzado. Cor-de-manga.