Que manhã estranha. Sonho e realidade misturados. Sons da rua, vozes que sonhavam comigo, e eu que não sabia se acordava porque primeiro tinha de descobrir se estava de fato dormindo mas não atinava com a razão. Sem querer, descobri-me no meio de tudo, tive quase certeza. E a tarde? que estranha. Os plátanos sendo podados, o som das serras e das máquinas de limpeza, o telefone ao ouvido, o calor e o frio e as roupas que eu tirava ou acrescentava para estar de acordo com um ou com outro. Sem querer, anoiteceu. Fui ver a noite, ressabiado, e descobri que o vento não combina com o resto da paisagem. É o vento do outono brasileiro que passa pelo frio português mas sem tocá-lo. Atravessa-o, indiferente, descolado do real. O vento é uma coisa, o frio é outra, coisando, independentes. Vou até a varanda fumar um cigarro e tentar descobrir se consigo acordar, pois tenho dúvidas se. Se calhar ainda nem amanheceu. Se calhar. Tomara.
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