domingo, 3 de novembro de 2013

Uma flor entre o muro e o quintal

Olha para o lado e vê aquela flor que já está a dormir, Farruco. Que silêncio! Já recolheu as suas cores para debaixo de uma sombra, mas a lua, entre uma nuvem e outra, tenta acordá-la tocando-lhe de leve com um dedo de prata. Como a natureza é implicante! A flor. Símbolo da sedução. Até o vento, que tem o poder de embaralhar nuvens e apagar a lua, amoleceu em brisa para ser cuidadoso ao tocá-la. Esta noite, Farruco, a natureza inteira converge nesta pequena flor adormecida entre o muro e o quintal. Vamos, cãozinho. Entra. Vou fechar a porta bem devagar. Não façamos barulho. É uma flor tão delicada que até os nossos pensamentos podem lhe fazer mal.

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