domingo, 15 de dezembro de 2013

Pequeno Bolo Rei

Ontem no Café Brasileira teve Bolo Rei do tamanho da minha vontade, que é grande mas passa rápido e por isso parece pequena. Comprei-o fiado, pior, em nome do povo lá de casa para que eles o pagassem no dia seguinte. Mas antes liguei-lhes: foi como se eu tivesse fechado uma venda terceirizada. Mas comi a minha parte para ter alguma culpa, a ver se sentia remorso. Não senti. Deve ter sido efeito do chá de menta que chamei para a mesa e que sempre me faz lembrar do deserto que eu vi de longe quando tinha oito anos e passei pelo Marrocos. O cheiro do vento que senti, sei-o até hoje. E então devo me ter distraído, não sei, e quando cheguei em casa o Bolo Rei estava ainda menor do que era na montra no café. A minha avó, quando abri a caixa e mostrei-lhe o bolo, concluiu muito bem: «Disseste que o bolo era pequeno, não que ele ia encolher no caminho até casa.» O que dizer? Não disse. Fiz aquela cara de não sei mas parece que a senhora me pegou. Ela riu. E abanou a mão no alto, como quem diz: fizeste bem.

Sem comentários:

Enviar um comentário