domingo, 15 de dezembro de 2013

Tardes de domingo

O domingo é o dia que me calhou para estar só. É bom. Ver a tarde em silêncio, a luz dourada que vai incendiando a paisagem, ouvir a música dos pássaros. O Farruco deitado sobre a faixa de sol que se estendeu no chão e que se vai arrastando, brincando com o passar do tempo. Ponho-me na varanda a ver o mundo, ouço-o. E conta-me imenso. Fala-me aos olhos numa linguagem que às vezes ouso traduzir. Não é bem uma tradução. É já o que eu entendi com os sentidos e depois se tornou meu e talvez não queria dizer exatamente o que a natureza me contou. Mas ainda assim foi o que ela mo revelou. Difícil dizer com ela. E ainda assim ouso dizer. Para tanto, eu tenho que tentar me fundir com a paisagem. Antes das palavras. Esquecer de mim como se eu nunca tivesse sido. Ser também por completo natureza. E só depois me lembrar. Depois, quando já nos separamos e eu e a natureza somos novamente duas maneiras diferentes de dizer, quase inconciliáveis. Como agora. Na minha vez, a vez das palavras.

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