Há alguns anos, eu passei a virada do ano na praia de Copacabana. Depois, nunca mais. Nem Copacabana, nem passagens de ano. Não mais a mesma coisa. Nem Copacabana, nem os anos — nem eu. Quando foi? Não lembro. No ano de dois mil e seus primeiros alguma coisa. O ano que não acabou — como o título daquele livro. Como a vida que vou sendo. Começou ali (meia-noite e um minuto, o céu pipocado de luzes e explosões) e continuou. Continua. Então, toda vez que mudo o calendário é só um novo papel com novas fotos, os mesmos quadrados com os mesmos números dentro e apenas uma alteração: os últimos algarismos que se referem a um novo ano que quase não me diz respeito. Eu preciso renovar o encanto de Copacabana. O encanto do lugar, para que exista em mim com mais força, com atualidade. Quanto às passagens de ano, fica ainda aquele primeiro encanto que perdura na eternidade, um ano que não findou. Findará? Quem sabe? mesmo que sim, para mim, um dia, no dia em que tudo há de terminar, ainda assim, talvez não.
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