Passa por mim uma cara amassada cujo nome ainda é noite. O homem anda devagar, sonâmbulo, nem dá por mim e quase batemos de frente. Era a sua chance de ter acordado, mas eu me desviei a tempo de estender um pouco mais o seu sonho. Depois outra cara, a de uma senhora já com alguma idade indecifrável, mas de cabelo lavado e penteado curto, grisalho, como o céu por cima de nós. Abraça a bolsa rente ao corpo. Passos rápidos. Desvia-se de mim bem antes de nos cruzarmos. Estou como os dois: por fora, um homem e seu sonambulismo; por dentro, o andar rápido de uma pressa que não sei. Dei bom dia aos dois. Não responderam. Então entro numa confeitaria e peço um café, a ver se me reintegro. E uma Coca-Cola, para a devida explosão de um novo dia.
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