Não sei o que dizer sobre o Brasil. Ou melhor, sei. Mas ainda é muito e então é preciso que o tempo faça a tosquia na minha memória para me aliviar do excesso, isto é, do dispensável (para mim). Nunca tive receio de perder o que ia escrever. Mesmo as notas que faço não são para a recordação das ideias, mas para o desenvolvimento delas. Frases ou palavras desconexas são já um texto inevitável, ainda que não desenvolvido. Mesmo que apagado depois de vir a luz dos olhos. Por isso não tenho pressa. Também é por isso que escrevo coisas sem ordem cronológica, apesar de não parecer e ser de propósito que não o pareça. Qual ordem? Como eu concedo a mim mesmo total e inviolável liberdade, o que me importa não é a ordem dos fatos no tempo em que aconteceram mas sim a importância que a recordação me sugere no momento mesmo da sugestão. Um instante. Não sei o que dizer? sei. Na verdade, a gente sempre sabe. A questão é ainda não o querer e ao mesmo tempo sim. Então, propositadamente, esqueço-me. E depois, se e quando algo me tocar a recordação, isto sim, será o resíduo que me interessa e vou aproveitar. E um dia, quando todos esses resíduos esgotarem-se, eu estarei feito homem. Um homem que existiu e que, de aí em diante, definitivamente completo, inteiro, estará finalizado. Para sempre.
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