quarta-feira, 5 de março de 2014

E veio o sol

E veio o sol. A vista até dói. Mas o espírito, pelo contrário, respira em harmonia depois de tão longa abstinência solar. Entendo perfeitamente o motivo de terem envolvido o sol em divindade desde que o homem é homem. Parece mesmo um deus. Fica ausente durante muito tempo, alheio às orações, mas depois ressurge repentinamente em milagre quando já ninguém mais se lembra do que pediu e a reza já é outra. Ninguém se iluda ou desespere. Um deus, por ser no eterno, não pode ser lento. Lento em relação a quê, se está tudo ali em simultâneo? Nós é que talvez sejamos apressados, porque temos de ter relação com tudo e então nos atrapalhamos com o quebra-cabeça do viver. Mas hoje há um deus no céu. Está ali, em todo o seu esplendor, visível a olho nu. Que milagre! E dá gosto estar aqui, assim, sentado na esplanada de um café, a sentir a sua bênção sobre a pele e a ouvir o corpo todo dizer amém.

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