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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Crônicas ostentação? que nada.

Pensei que nesse retorno à terra da nascimento eu fosse escrever crônicas de ostentação por estar a viver há quatro anos em euros mas nem pensar. Para viver no Brasil tem de se ser rico. E volto a este assunto por estar realmente assustado. Preocupado com os meus amigos e o que restou de família por cá. Como disse minha amiga Gisele: «Não, a moeda corrente não é mais o Real e sim o Surreal» É moeda de primeiro mundo. Lá em Portugal estamos em crise e, coitados de nós, temos de pagar muito mais barato por tudo. É o jeito. Disse muito bem a Adriana, amiga aqui do Brasil que também está a viver em Portugal: «É mais fácil ser pobre aqui», ou seja, lá. E é. Crise Europeia? depende do modelo de comparação. Eu nasci no Brasil e a crise aqui naquela época já era quase adolescente. Cresceu, está madura e não quer envelhecer. Somos países irmãos, ou pai e filho, mas calhou-nos ter os preços trocados de lugar. Quem colhe o fruto do trabalho em euros não poderia viver de câmbio no Brasil. Só mesmo de passagem, em férias, e com muito cuidadinho para a travessa de comida não ir ao bolso demasiado fundo e abrir um buraco. Não sei o que andaram a fazer com o Brasil depois que eu deixei este país. O que é isso? ou melhor, quem foi? pior que eu sei. E não há nada a fazer, pois o fazer vem sempre tarde demais.

Dia para não ser, mas estar.

Tarde de calor, mas lá fora, onde tudo é a abafar. Aqui dentro, com o vento do circulador de ar a bater-me nas costas e enfiado na sombra das quatro paredes do fundo do apartamento, o dia segue fresco e de cabelos levemente balançados. Tarde morosa, boa para não ser mas apenas estar. Tanta coisa resolvida e ainda duas, as mais importantes, pendentes para amanhã. Resolvo-as? espero que sim. Para eu poder existir no Rio de Janeiro em plenitude e não do lado de trás e através do vidro que o vou vendo. Tenho Portugal às costas a fazer força para o meu retorno válido e com soluções arrumadas na mala. Então, que esta semana fique tudo em ordem para a falta de ordem que eu vou precisar daí em diante. Mas só depois. Calma. Hoje não, hoje é dia de não ser mas apenas estar. Então vou ali comprar pão francês e mortadela defumada para estar melhor.

Café e coxinha

Saio pela porta do desembarque e deu logo de cara com uma lanchonete ali ao lado. Eu, todo faceiro e pimposo, cheio de saudosismos gastronômicos, vou direto ao balcão pedir uma coxinha e um café. Faço uma manobra arrojada com o carrinho da mala e estaciono meio enviesado, ansioso, em frente ao caixa. Afino meu sotaque carioca e faço o pedido. Aí a menina canta o custo dos meus desejos: tudo, são 11 reais, disse-me. O quê? espera, como assim tudo se esse tudo é só uma coxinha e um café! espanto-me em desânimo, já pensando em reduzir a lista de futuras comilanças de besteiras que eu tinha preparado além-mar. Ela faz então uma cara de quem pensa que raio de pobre é esse que me veio cá comer as minhas iguarias feitas em banha de ouro e às quer de graça?! Enfim, a coxinha custou R$7 e o café brabo R$4! Nem dois minutos em solo carioca e fui logo assaltado. Credo.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Avião e nuvens fotografáveis

O vidro estava sujo das mãos das nuvens, que se encostaram quando espiaram dentro do avião e deram de cara comigo. E então desceram às pressas. Mas não faz mal. Mais uma vez eu vi o céu pelo lado de cima. E o Brasil por debaixo dele. Foi a lâmina-asa que os separou. — (in Rio de Janeiro, Brazil)

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